O mote desta breve entrevista do presidente da Abimaq José Velloso Dias
Cardoso é a relação do baixo investimento da indústria com as altas taxas de
juros reais no Brasil. Por consequência, segundo o entrevistado, alem da baixa
produtividade do trabalho, a insustentabilidade - "voo da galinha" - da
recuperação da economia.
"Isso desencoraja investimentos e condena o País a ter um atraso tecnológico inalcançável com os outros países. Neste ano, devemos ter uma taxa de investimento de apenas 15% do PIB. A média mundial está acima de 25%. O não investimento de hoje é o não crescimento de amanhã. Corremos o risco de ter, mais uma vez, um voo de galinha".
Uma ressalva ao menos. O problema da elevação da taxa de investimento, de fato crucial para o crescimento sustentável, vai muito alem dos
reclamos da indústria. Mas vá lá. Menos mal que empresários estejam questionando a efetividade da atual política econômica.
Segue a entrevista, publicada originalmente na edição 1040 da revista Isto
É Dinheiro.
Por que a produtividade brasileira é menor do que a grande maioria dos
países industrializados ou em desenvolvimento?
A afirmação de que o trabalhador brasileiro é menos produtivo do que a média mundial está distorcida. O problema não está apenas na questão da qualificação ou jornada dos brasileiros. A questão envolve a baixíssima taxa de investimento da indústria. Os estudos mais recentes mostram que o americano é quatro vezes mais produtivo do que o brasileiro. Mas essa constatação não leva em conta que a indústria dos Estados Unidos investe em sua produção US$ 300, em média, para cada trabalhador, por ano. No Brasil, esse investimento é de US$ 60. Ou seja, o americano é mais produtivo porque tem maquinário e tecnologias mais avançadas para aumentar sua produtividade.
A afirmação de que o trabalhador brasileiro é menos produtivo do que a média mundial está distorcida. O problema não está apenas na questão da qualificação ou jornada dos brasileiros. A questão envolve a baixíssima taxa de investimento da indústria. Os estudos mais recentes mostram que o americano é quatro vezes mais produtivo do que o brasileiro. Mas essa constatação não leva em conta que a indústria dos Estados Unidos investe em sua produção US$ 300, em média, para cada trabalhador, por ano. No Brasil, esse investimento é de US$ 60. Ou seja, o americano é mais produtivo porque tem maquinário e tecnologias mais avançadas para aumentar sua produtividade.
Por que o investimento é tão baixo no Brasil?
Por diversos fatores. Um deles é a Selic alta. No histórico dos últimos governos, com a taxa de juros entre 15% e 20%, ninguém investe. Se deixar o dinheiro parado no banco o retorno é alto e garantido. Em vez de investir, é melhor comprar títulos do Tesouro. Então, para estimular o investimento é preciso rever os critérios de definição da Selic.
Mas a Selic está caindo…Por diversos fatores. Um deles é a Selic alta. No histórico dos últimos governos, com a taxa de juros entre 15% e 20%, ninguém investe. Se deixar o dinheiro parado no banco o retorno é alto e garantido. Em vez de investir, é melhor comprar títulos do Tesouro. Então, para estimular o investimento é preciso rever os critérios de definição da Selic.
Está porque a inflação despencou. Os juros reais, a diferença entre a inflação e
a Selic, continua como a mais alta do mundo. Isso desencoraja investimentos e
condena o País a ter um atraso tecnológico inalcançável com os outros países.
Neste ano, devemos ter uma taxa de investimento de apenas 15% do PIB. A média
mundial está acima de 25%. O não investimento de hoje é o não crescimento de
amanhã. Corremos o risco de ter, mais uma vez, um voo de galinha.
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