Democracia em risco – o alerta de Sergio Abranches


Muito se tem falado nesta semana sobre as manifestações públicas de militares em meio a sinais de crise político-institucional. Numa visão histórica em seu artigo "Sinais institucionais da gravidade da crise política" Sergio Abranches desmascara os desastres das intervenções militares e recapitula as duras lições das crises político-institucionais na história da República. Prospecta os riscos presentes, mas em conclusão antevê o caminho democrático ainda possível:

"(...) Em todas as crises houve clara subestimação dos sinais de deterioração da ordem democrática, tanto pelas autoridades constituídas, quanto pelas lideranças que não participavam das conspirações que levaram à sua dissolução(...)".
"(...)Não creio que estejamos na iminência de um novo golpe militar, ou mesmo civil-militar. Mas existe um perigo claro e presente de falência das instituições com gravíssimas repercussões para o futuro imediato do país. Em 2018, teremos a oportunidade de buscar uma solução democrática para essa crise. Mas dependerá das possibilidades de elegermos uma nova liderança, para o Executivo e o Legislativo, que não esteja envolvida na rede de corrupção, nos esforços para acobertar os escândalos ou nas tentativas de interromper as investigações e obstruir a justiça".(Sergio Abranches)

Chile - Três depoimentos sobre o 11 de setembro de 1973

Um outro 11 de setembro

Ferreira Gullar
Folha de São Paulo, 17 de dezembro de 2006
Ao ouvir Allende rogar às pessoas que saíssem às ruas, soube que seus dias estavam contados.

Quando cheguei a Santiago do Chile, em maio de 1973, vindo de Moscou, encontrei o país praticamente parado por uma greve de transportes que só terminaria na tarde do dia 11 de setembro, após consumado o golpe militar que derrubara Allende. Falava-se que a embaixada norte-americana financiava os caminhoneiros, com cinco dólares por cabeça, o que não era pouco, uma vez que eu pagava dois dólares pelo aluguel de um apartamento duplex de três quartos, na avenida Providência; a inflação galopante pulverizara o peso chileno. Agora, com a morte do general Pinochet, a memória me faz reviver aqueles dias avassaladores.

Coreia: cronologia e riscos da escalada das tensões

Ricardo Pessoa da Silva
Bancário Aposentado

A assinatura do Armistício de Panmunjeom, em 27/07/1953, pôs fim ao conflito armado que opôs (desde 25/06/1950) a Coreia do Norte, a China e a URSS à Coreia do Sul e outros países (Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, etc) capitaneados pelos Estados Unidos. Desde então a península coreana tem experimentado relativa estabilidade, não obstante o clima de tensão que, em maior ou menor grau, tem prevalecido entre os dois países.

TRAVESSIA E ARMADILHAS

                                                         Sergio Augusto de Moraes
    Setembro  de 2017

     Parece que nestes tempos o povo, enojado com a corrupção que grassou no Brasil e castigado pela crise, virou as costas para o mundo político e apenas aguarda 2018 para tentar uma solução. Fazer deste modo tal travessia contém várias armadilhas. Uma delas é deixar que a polarização Lula-Bolsonaro cresça e chegue a outubro do próximo ano como a alternativa mais forte, o que, dentre outros males, elevaria o  absenteísmo, o voto nulo e em branco a patamares nunca antes atingidos. Outra é deixar espaço  para o Governo Temer e o Legislativo,  juntos, empurrados pelo que têm de pior, anulem o trabalho da Lava-Jato.