Pela Democracia


Sergio Augusto de Moraes
Alfredo Maciel da Silveira
Outubro - 2018
Ontem, dia 7, foi por um triz.
O povo brasileiro demonstrou que não quer outro governo do PT. Só 29% dos eleitores estão a favor de tal governo. Por outro lado, pesquisas recentes indicam que 69% dos brasileiros são a favor da democracia, que seria ameaçada por um futuro Governo de Bolsonaro. 
Para garanti-la a alternativa seria Haddad propor um “Pacto pela democracia” e um governo de “Frente democrática”, com a participação de outras forças e partidos democráticos e um programa mínimo de respeitar a Constituição de 88, garantir o prosseguimento da Lava-Jato, manter o equilíbrio fiscal, incorporar uma atitude republicana na relação com os outros poderes e incluir as principais medidas sociais e econômicas do primeiro Governo Lula.
Tal proposta, feita de maneira clara e não duvidosa, poderia atrair os votos não somente daqueles que votaram em Ciro Gomes, Alckmin ou Marina. Ela iria mais longe podendo ganhar muitos daqueles que votaram em branco ou o anularam e mesmo, no limite, tirar votos que foram dados a Bolsonaro no 1º turno por opção “anti-petista”. 
Difícil. Mas lutar por isto será a tarefa dos democratas.

12 comentários:

  1. Realmente, o cidadão brasileiro está cansado do "jeito PT de (des)governar" e demonstrou isso nesse primeiro turno das eleições de ontem.
    É mais fácil surfar na onda do Bolsonaro e cobrar dele o bom-senso, do que aconselhar o PT. Como acreditar em qualquer pacto redigido pelo PT, um partido que é dirigido de dentro da cadeia, que nem as facções de traficantes?
    Bolsonaro está longe de ser meu candidato, mas não espero ver o PT de volta tão cedo. Voto com a maioria.

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    1. Prezada Lilian. Conforme dito no texto, uma proposta de pacto democrático teria que ser "feita de maneira clara e não duvidosa". E já não seria mais em torno de um "governo do PT", mas sim de uma Frente Democrática. Haddad sabe muito bem que não tem chances sem esta negociação. Digo Haddad, e não o "PT", pois Haddad teria que se impor perante gente como Zé Dirceu. Já Lula é suficientemente esperto, é suficientemente "metamorfose ambulante" pra saber o que poderá lhe acontecer num governo Bolsonaro. Este, por sua vez, com a maioria esmagadora que já tem, vai negociar garantias democráticas com quem? Precisa dos democratas para quê? Diante das urgências das crises econômica e social, e uma vez legitimado por eventual vitória em 2 Turno, sem ampla negociação democrática, a degeneração das instituições e das práticas democráticas, mesmo sob o invólucro da "legalidade", estão no "DNA" de todo o esquema por trás de Bolsonaro. Imagina, só como exemplo, qual seria o perfil de um futuro Ministro da Justiça ou de outro Ministro a quem ficará subordinada a PF. É isso. O risco Bolsonaro é muitíssimo maior.

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    2. Caríssimo! O pacto já está sendo feito com os políticos que entenderam a clareza de Bolsonaro e abandonam seus líderes para atender uma nova forma de fazer Política.

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  2. Alfredo e Sérgio, acho que o povo, cansado e confuso, manifestou-se foi contra o sistema perverso que o explora há muito tempo. O PT, ou Bolsonaro são só detalhes.Quanto à sugestão do pacto pela democracia, concordo. Sem isso
    , não haverá salvação.

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    1. Sim Edmilson. Acho também que pode estar em movimento uma ruptura de base popular quanto ao secular sistema de exploração, mas de forma contraditória, com guinadas à extrema direita. As lições da história mostram o custo altíssimo daquelas guinadas.

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  3. É, as explosões de massa, sem orientação, pode levar a essa guinada pra direita.Por isso, a questão é muito séria...

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  4. Para garantir governabilidade em favor do povo, o pacto é importante.

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  5. Sergio Gonzaga de Oliveira9 de outubro de 2018 às 16:38

    Xará / Alfredo
    O mensalão, o petrolão, as manifestações de junho de 2013, a crise econômica de 2015 e o impeachment em 2016 montaram uma tragédia anunciada. Enquanto isso, o partido líder das esquerdas procurava culpados por todos os lados, jamais aceitando qualquer participação no desastre. Poucas vezes se viu tamanha alienação. Um caldo de cultura ideal para chocar o ovo da serpente. Concordo com vocês. Para reverter esse quadro, ganhando ou perdendo as eleições presidenciais, é mais que urgente montar uma ampla frente democrática e progressista em torno de um projeto de desenvolvimento includente e sustentável. Não sei se será possível a curto prazo, mas a esperança não pode morrer.
    Abraços
    Sergio Gonzaga

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  6. Caro Amigo
    É dificil sim. O prazo é curto. Mas veja a manchete de "O Globo" de hoje e os artigos concernentes. Parece que Haddad e sua campanha se dão conta do perigo. Jacques Wagner, que propunha uma chapa Ciro-Haddad voltou a campo.Pode ser, política é como uma nuvem, dizia Magalhães Pinto.Montar uma frente democrática fará bem à democracia , mesmo que o resultado nos seja adverso. Mas eu tenho esperança.

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  7. Caro Sérgio

    A saída que vc propõe é extremamente interessante, pois busca um caminho do meio entre 2 pólos inaceitáveis: o Jair Bolsonaro, com tudo o que ele representa; e a roubalheira “pragmática” e “programática” por parte da maioria dos que lideram o PT. Ambos vão em sentido contrário não apenas às nossas posições políticas, mas a nossos princípios pessoais mais fundamentais, como democracia, respeito a pessoas e idéias, e honestidade intelectual e material. Espero que sua proposta consiga se viabilizar, mas vejo várias dificuldades para isso:
    • Essa foi uma eleição em que a maioria dos eleitores não votou a favor da direita, mas contra o PT, contra a maioria dos velhos caciques e contra um sistema politico que não leva em conta a ansiedade da população por mudanças. Essa ansiedade já havia sido manifestada nas demonstrações de 2013, sem ter sido canalizada nas eleições de 2014, mas agora ganhou força e tomou forma. Um dos seus principais vetores foi a profunda recessão provocada pela Dilma, mas já gestada no 2º governo Lula. O voto de grande parte dos eleitores não foi a favor de um projeto específico de governo, mas uma errônea negação da política. Meu sentimento é que decidiu-se jogar fora a água suja da banheira (aquilo que hoje se nomeou como sistema pragmático), mas também jogar fora o bebê (os políticos que não compactuam com a corrupção, que tem uma agenda programática ligada aos eleitores, e que são fundamentais à democracia). Boa parte dos que se elegeram o fizeram sob a “capa” de não políticos, como o Bolsonaro (há 20 anos na política, mas que conseguiu vender-se como contrário aos costumes políticos), e os muitos que surfaram em sua onda.
    • Com a Internet, principalmente o Whatsapp, os velhos caciques perderam muito poder de comando. Se as lideranças dos partidos não aliados do Bolsonaro aderirem ao Haddad, é pouco provável que seus eleitores façam o mesmo automaticamente. Ou seja, qualquer pacto limitado às lideranças corre o risco de fracassar, a menos que esteja alinhado à posição dos seus eleitores.
    • O anti-petismo, e talvez mais do que isso o anti-lulismo, foram os motores de mobilização de boa parte dos eleitores do Bolsonaro. Qualquer movimento para o centro poderá eventualmente atrair os eleitores mais conscientes e ideologizados, mas terá dificuldade em convencer a grande massa que votou no Bolsonaro como “aquele que vai deslocar o Lula”. Para que isso pudesse ocorrer, seria necessária que o pacto por vc proposto fosse acrescido de uma autocrítica do PT, como ressaltaram alguns comentários. Como escreveu hoje o Élio Gáspari, “muitas pessoas podem até votar em Haddad, mas se o preço for defender a moralidade petista no balcão de uma lanchonete, acabam votando no capitão”. Mas conseguir que o PT faça essa autocrítica é muito difícil, pois mesmo uma crítica indireta elogiando a Justiça seria considerada pelo Lula como acusatória a ele, já que como ressaltou o Sérgio Gonzaga, procurava culpados por todos os lados, jamais aceitando qualquer participação no desastre. Como o Lula é maior do que o PT, e se preocupa mais consigo do que com o partido e a democracia, qualquer atitude não avalizada por ele tiraria os votos dos milhões que votaram unicamente a seu favor, e não do PT.
    Mas para cada obstáculo existe uma saída, desde que o diagnóstico seja muito bem feito. É por isso que resolvi contribuir com vc enviando essas reflexões, na condição de um eleitor angustiado, que não gostaria de anular seu voto, mas cujas mãos se recusam a teclar o número de qualquer um dos 2 candidatos, pelo menos no envelope em que foram entregues no 1º turno. Mas se Haddad fizer um Pacto como o proposto , acrescido de uma autocrítica do PT, me sentirei muito atraído a mudar de posição, e creio que muitos mais o farão.
    Abraços
    Carlos Alberto Roxo

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  8. Caro Carlos Alberto
    Seu texto enriquece este debate. Mas política muda , como as nuvens.Se o PT e o Haddad incorporarem a posição do Jacques Wagner estará aberto o caminho para a formação de uma grande Frente Democrática que, se não der para ganhar as eleições, será indispensável para enfrentar a direita golpista num eventual governo de Bolsonaro.
    Abraços
    Sergio Moraes

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