Poemeto : Não é facil

Num dia como o de hoje, entre renúncias e afirmações no campo democrático, os bons ventos parecem dizer: não tiremos coelhos da cartola.
                                        
                                            Sergio Augusto de Moraes
                                            Novembro 2017      

NÃO É FACIL

Difícil é sair dos polos
Pelo centro, pelos lados
Difícil construir
Uma outra alternativa
Democrática, limpa, coletiva
Sem mágica, sem cobiça
Com nosso barro, já testado
Nas lides da política, do Estado
Não o barro do vizinho
Panela se faz com o nosso
Com as mãos sujas do torno
E a cabeça de nós todos.

Santana - Brotherhood

O melhor do rock.
Uma visão do mundo fraterno que sonhamos!
Santana - Philadelphia USA - 1985

Brotherhood...
All around - sweet brotherhood
No more us and them 
Oneness
No more politics or denominations

Brotherhood

No more war, violence, or pain

Compassion

In brotherhood, we'll find
Joy.................Dynamism
Sweetness......Softness
Soulfulness....Dignity
Tranquility.....Serenity
Harmony.......Perfection
Harmony.......Perfection
One mind!
One truth!

A seguir, o link para o vídeo.

SANTANA - LIVE AID - PHILADELPHIA - 1985




Comunistas e Católicos

No próximo dia 18/11/17 Giocondo Dias faria 104 anos. Da direção do PCB, o Partidão como era conhecido, ele foi o maior responsável  pela mudança da orientação política do Partido contida  na Declaração de Março de 1958 e pela aprovação da linha política de resistência democrática  à ditadura de 1964. Em 1982 foi eleito  secretário-geral  do PCB. Morreu em 07/09/1987.
Dias escreveu o texto abaixo há trinta e seis anos. Hoje a intervenção política conjunta de comunistas e católicos, de marxistas e cristãos, não só no Brasil como no mundo  ampliou-se muito e reflete-se com força nos escritos e discursos do Papa Francisco.(Sergio Augusto de Moraes ,Novembro de 2017)

COMUNISTAS E CATÓLICOS : DO CONFRONTO AO DIÁLOGO*
                                                                                            Giocondo Dias       
Historicamente as relações entre comunistas e católicos revestiram-se de um caráter tenso em extremo: na prática social , uma larga coincidência de reivindicações  era obscurecida  por mútuo sectarismo  e dogmatizada por questões de princípio invocadas indevidamente.
A convergência de requisições de grande significado- fraternidade, justiça social, solidarismo - desaparecia  em face de inoportunos apelos ao passado histórico da Igreja Católica, por parte dos comunistas, e de um falso dimensionamento dos erros destes em conjunturas particulares, do lado dos católicos. E a real incompatibilidade filosófica entre marxismo e qualquer gênero de teísmo  era transformada  em antagonismo político-social  entre os dois interlocutores.

Leandro Konder - uma lembrança

Alfredo Maciel da Silveira
Novembro/2017
Neste 12 de novembro completam-se três anos da partida de Leandro Konder. Nesta oportunidade torno pública uma relíquia dele que eu guardara desde 1982. Ele datilografara para mim suas anotações manuscritas sobre as esparsas e rarefeitas elaborações de Karl Marx sobre a conceituação de comunismo.
Não tínhamos maior proximidade. Talvez me conhecesse apenas de vista.
Durante uma conferência no auditório da ABI sobre o pensamento de K. Marx ele expusera sua leitura daquela conceituação em Marx. Logo me dei conta da singela e valiosíssima pesquisa de Leandro. A ele me dirigi ao final, pedindo-lhe que me desse a referência do texto. Mostrou-me que eram rascunhos à mão e me disse com imensa generosidade:
__ Seria possível a gente se encontrar lá no meu trabalho? Você podendo eu preparo melhor e bato à máquina.
Marcado o encontro fui ao seu trabalho na rua 1º de Março, em horário de almoço. Ele ainda terminava de datilografar as últimas linhas. Em seguida me entregou os originais das duas folhas (vejam as imagens, amareladas pelos anos) saídas daquelas antigas máquinas mecânicas de fita carbonada.




Rússia 1917 - Um outro olhar

Alfredo Maciel da Silveira
Novembro/2017
Neste 7 de novembro completaram-se os 100 anos da revolução russa. Teria ela culminado uma sucessão de abalos políticos ao longo de 1917, explicáveis como um fenômeno russo isolado?
Na verdade ela só pode ser compreendida em seu contexto mais amplo. A Rússia de 1917 fora o epicentro da cadeia de terremotos políticos que varreram os países centrais do capitalismo europeu na virada entre os séculos XIX e XX.
Um capitalismo que entrara em sua fase monopolista e financeira, de feroz competição pela disputa de mercados e acesso a fontes de suprimento, o que culminara com a primeira guerra mundial, traduzida na luta entre países pela anexação de territórios e submissão de povos. Ao par disso, aquele era um capitalismo sem controle das crises cíclicas geradoras do desemprego e da miséria, sem a regulação do trabalho e sem quaisquer mecanismos de proteção social. E a guerra, propagandeada em nome do "interesse" e do orgulho nacionais, lançava o povo trabalhador à morte nos campos de batalha, levando à fome e a destruição de famílias nas cidades e nos campos.
Concomitantemente desenvolvera-se a organização dos trabalhadores em sindicatos, partidos social-democratas de base operária e partidos de base camponesa. No caso da Rússia disseminara-se a inovação dos conselhos de trabalhadores, os sovietes, de base profissional, comunal, de fábricas, de seções militares, etc. E no plano do conhecimento social e político a obra de Karl Marx e F. Engels, destacadamente "O Capital", tornara-se a referência dos estudos e discussões da intelectualidade revolucionária. Tal é o ambiente europeu ocidental em que toda uma geração de militantes russos emigrados, refugiados da perseguição tzarista, gestará organizações russas de vanguarda de múltiplas tendências.

Tecnologia e Sociedade: a máquina a vapor*

Sergio Augusto de Moraes
Novembro/2017
                
Quem inventou a máquina a vapor? Qualquer engenheiro ou um estudante mais curioso responderia de pronto que foi James Watt na Inglaterra, aí pela segunda metade do século XVIII. Entretanto poucos sabem que Watt, ao projetar e construir um condensador em separado no ano de 1765, estava contribuindo para dar um salto no rendimento das máquinas a vapor que alguns anos antes haviam sido desenvolvidas por outros técnicos.
De fato em 1698 Thomas Savery, também na Inglaterra, constrói sua “máquina de fogo” e poucos anos depois se associa a Thomas Newcomen para construir uma máquina a vapor capaz de retirar água das minas inglesas de carvão e de estanho. A partir daí Watt deu o pulo e construiu a máquina que iria marcar a primeira revolução industrial.
Mas o que intriga é saber que, mais provavelmente entre os anos 10 e 70 DC, Heron de Alexandria havia construído uma máquina a vapor que continha quase todos os elementos da máquina que Thomas Savery iria construir dezesseis séculos depois. Porque a humanidade deveria esperar todo esse tempo para retomar o desenvolvimento tecnológico de uma máquina capaz de potenciar o trabalho humano de maneira tão radical? 
Claro, faltavam uns poucos conhecimentos básicos para aperfeiçoar a máquina de Heron tornando-a mais eficiente. Provavelmente ele ainda não conhecia o valor da pressão atmosférica, número identificado por Torricelli em 1644. Mas quem pode garantir que os discípulos de Heron, com os recursos do império romano, não poderiam desenvolver e tornar eficiente a turbina a vapor que o grande sábio havia construído?
Como sempre, quando se tenta entender a história antiga, aparecem lacunas que não podemos ainda explicar. Entretanto uma coisa é certa: o império romano havia sido construído com base no trabalho escravo e a sua maneira de potenciar o trabalho humano era conquistar novos povos e escravizá-los. Não podia passar pela cabeça dos poderosos que dirigiam Roma o desenvolvimento de uma máquina que dispensasse o trabalho escravo. Seria como chutar contra seu próprio gol.
Assim, foram as relações sociais sobre as quais se assentava aquela sociedade a mais forte razão que impediu o desenvolvimento da máquina a vapor de Heron. E o preço que a humanidade pagou por isso foi incomensurável.
Pergunta que não quer calar: que consequências teve o freio imposto pelas velhas relações de produção na Russia sobre o desenvolvimento da revolução de 1917?
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(*) primeira versão publicada no Jornal do Clube de Engenharia nº 506. Texto revisto e ampliado em Outubro de 2017.  

"Voo da galinha" preocupa empresário

O mote desta breve entrevista do presidente da Abimaq José Velloso Dias Cardoso é a relação do baixo investimento da indústria com as altas taxas de juros reais no Brasil. Por consequência, segundo o entrevistado, alem da baixa produtividade do trabalho, a insustentabilidade - "voo da galinha" - da recuperação da economia.
"Isso desencoraja investimentos e condena o País a ter um atraso tecnológico inalcançável com os outros países. Neste ano, devemos ter uma taxa de investimento de apenas 15% do PIB. A média mundial está acima de 25%. O não investimento de hoje é o não crescimento de amanhã. Corremos o risco de ter, mais uma vez, um voo de galinha".
Uma ressalva ao menos. O problema da elevação da taxa de investimento, de fato crucial para o crescimento sustentável, vai muito alem dos reclamos da indústria. Mas vá lá. Menos mal que empresários estejam questionando a efetividade da atual política econômica.
Segue a entrevista, publicada originalmente na edição 1040 da revista Isto É Dinheiro.
Por que a produtividade brasileira é menor do que a grande maioria dos países industrializados ou em desenvolvimento?
A afirmação de que o trabalhador brasileiro é menos produtivo do que a média mundial está distorcida. O problema não está apenas na questão da qualificação ou jornada dos brasileiros. A questão envolve a baixíssima taxa de investimento da indústria. Os estudos mais recentes mostram que o americano é quatro vezes mais produtivo do que o brasileiro. Mas essa constatação não leva em conta que a indústria dos Estados Unidos investe em sua produção US$ 300, em média, para cada trabalhador, por ano. No Brasil, esse investimento é de US$ 60. Ou seja, o americano é mais produtivo porque tem maquinário e tecnologias mais avançadas para aumentar sua produtividade.
Por que o investimento é tão baixo no Brasil?
Por diversos fatores. Um deles é a Selic alta. No histórico dos últimos governos, com a taxa de juros entre 15% e 20%, ninguém investe. Se deixar o dinheiro parado no banco o retorno é alto e garantido. Em vez de investir, é melhor comprar títulos do Tesouro. Então, para estimular o investimento é preciso rever os critérios de definição da Selic.
Mas a Selic está caindo…
Está porque a inflação despencou. Os juros reais, a diferença entre a inflação e a Selic, continua como a mais alta do mundo. Isso desencoraja investimentos e condena o País a ter um atraso tecnológico inalcançável com os outros países. Neste ano, devemos ter uma taxa de investimento de apenas 15% do PIB. A média mundial está acima de 25%. O não investimento de hoje é o não crescimento de amanhã. Corremos o risco de ter, mais uma vez, um voo de galinha.