1º ou 2º Turno?

Sergio Augusto de Moraes*

Alfredo Maciel da Silveira*

Setembro - 2022

As pesquisas eleitorais reconhecidamente têm algum efeito significativo na conduta dos eleitores às vésperas das eleições. Em 2018 isto ficou claro com a migração espontânea das intenções de votos em Marina e Alckmin para os dois primeiros colocados nas pesquisas, Haddad e Bolsonaro, podendo ter beneficiado também a Ciro, então terceiro colocado. Nas urnas, conforme o registrado no TSE, Marina e Alckmin a tal ponto “derreteram” que ela foi ultrapassada por Cabo Daciolo, tendo este por sua vez praticamente empatado com Alckmin.

Esse movimento de migração espontânea de votos às vésperas da eleição provavelmente estará operante agora em 2022. Mas há fatos novos. A flagrante ameaça fascista representada por Bolsonaro, tornou-se muito mais ostensiva após os quatro anos da barbárie que vivenciamos. Como resultado, mobilizou-se a sociedade civil organizada em defesa da Democracia, inclusive em torno de entidades de classe patronais lideradas por aquelas do grande capital industrial e financeiro. Ao mesmo tempo, diante das indicações de ser eleitoralmente possível a vitória de Lula já no primeiro turno, uma intelectualidade com presença na grande mídia e principalmente nas redes sociais de internet, em ação coordenada à campanha eleitoral do PT, deflagraram intensa campanha pelo “voto útil” em Lula. A campanha nas redes traz depoimentos de personalidades da cultura e do esporte, apontando a barbárie em que estamos e o fascismo que já está em curso pela violência que espalha o medo no processo eleitoral. As forças democráticas têm que dar um basta a esta violência, não permitindo que ela desvirtue o processo eleitoral.

Há um duplo fundamento racional nesta campanha ativa pelo “voto útil”:

1) Diante das chances mínimas de Ciro e Tebet alcançarem o 2º Turno, é racional o eleitor abrir mão de sua preferência pessoal por esses dois, e de suas críticas ao Lulo-petismo, em prol de uma vitória imediata e mais ampla das forças democráticas contra o inimigo comum a todos, o fascismo e a barbárie, cortando pela raiz as chances de o bolsonarismo militante e armado tumultuar ainda mais uma campanha de 2º Turno;

2)  Uma disputa no 2º Turno, mesmo que as pesquisas estejam a apontar que Lula também venceria, haveria de ser por margem bem menor, de alguns pontos percentuais.

Em qualquer caso, vitória em primeiro ou segundo turnos, Lula precisará compor uma ampla base de alianças para garantir a governabilidade numa conjuntura dificílima de urgente recuperação do país, impondo-nos certamente alívios, mas também sacrifícios. Daí a importância de alianças em torno de compromissos programáticos. E quanto mais cedo melhor.

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(*) Editores deste Blog "Democracia e Socialismo"