Trump e o Iran

Sergio Augusto de Moraes
Janeiro - 2020
                                               
Seria chover no molhado dizer que por trás da ação dos USA assassinando o General Suleiman está o petróleo do Oriente Médio.  Pelo estreito de Ormuz, que pode ser controlado pelo Iran, passam 20% do petróleo do mundo. E todos sabem que o Oriente Médio é um mar de petróleo de boa qualidade. Isto quer dizer que a extração de petróleo na maioria dos poços da região custa aproximadamente 1/3 do custo de extração do barril no Brasil ou na Venezuela. Mas a luta por esta riqueza vem de longe.  Porque agora Trump resolve assassinar Suleiman?
No quadro geopolítico mundial aconteceu algo de novo: as manobras conjuntas navais do Iran, Russia e China no Oceano Índico de 27 a 30/12/2019. Diz o presidente do Iran: “Realizar este tipo de exercícios não é uma tarefa simples [e é por isso] que estas manobras deixaram os EUA furiosos”. Elas abrem caminho para um maior controle das rotas de petróleo por esses países. 
“A potência do Norte está "aborrecida" pelo fato de duas grandes potências [Rússia e China] organizarem manobras com as forças navais do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica [IRGC]”, disse Rouhani à Press TV. Um dos artífices dessas manobras foi o Gen. Suleiman. Impensável os USA assassinarem um almirante russo ou um general chinês ambos detentores de grandes arsenais atômicos. Sobrou para o Iran.
O mundo acompanhou o desgaste de Trump com o processo de impeachment realizado na Câmara dos Deputados dos USA. Diz o “Le Parisien” de 04/01/2020, após o assassinato de Suleiman: “Não é à toa que Trump, prolixo em seu twiter, se limitou nesta sexta-feira a publicar simplesmente a bandeira americana...ele quer mostrar que este assunto (o conflito com o Iran) não concerne somente a êle mas a todos os americanos”.
Daqui a dez meses Trump vai tentar sua reeleição e de sua cabeça não sai o exemplo de Bush filho que garantiu sua vitória após invadir o Iraque em 2003, conseguindo unir a maioria dos americanos a favor da guerra contra o “terrorista” Sadam Hussein. Se depois as comissões internacionais e mesmo a CIA não conseguiram descobrir traços das armas químicas de destruição em massa que serviram de pretexto àquela invasão pouco importa. A reeleição estava garantida.
Trump não se importa em mentir para seu povo. “América em primeiro lugar e eu à sua frente”, é seu lema. Vale tudo.