Novo Tempo

No novo tempo, apesar dos perigos

Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
(...)
Pra que nossa esperança seja mais que vingança

Seja sempre um caminho que se deixa de herança
Leila Pinheiro e Ivan Lins
Ivan Lins
Vitor Martins
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver

Pra que nossa esperança seja mais que vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer

No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança

Para salvar a democracia

Sergio Augusto de Moraes
Alfredo Maciel da Silveira
Outubro-2018
Já no dia seguinte ao 1º turno das eleições publicamos aqui no Blog, sob o título “Pela Democracia” o chamamento por uma Frente Democrática em defesa da democracia que os brasileiros amplamente desejam mas que se encontra ameaçada. Dizíamos:
"Para garanti-la a alternativa seria Haddad propor um “Pacto pela democracia” e um governo de “Frente democrática”, com a participação de outras forças e partidos democráticos e um programa mínimo de respeitar a Constituição de 88, garantir o prosseguimento da Lava-Jato, manter o equilíbrio fiscal, incorporar uma atitude republicana na relação com os outros poderes e incluir as principais medidas sociais e econômicas do primeiro Governo Lula".
Democratas de vários quadrantes ainda resistem à proposta, não se dando conta da força que aquele pacto teria entre as forças democráticas, no limite conquistando até mesmo eleitores democráticos que correram para Bolsonaro no 1º turno com medo da “volta do PT”. Desta forma a candidatura Haddad já não  seria apenas do PT mas de uma amplíssima Frente que expressaria os verdadeiros anseios democráticos da maioria do povo brasileiro.
Dadas suas dificuldades, já que tal iniciativa deveria caber a Haddad, tal proposta suscita ceticismo e mesmo ganha adversários; mas, como é a alternativa mais viável para evitar a vitória da direita golpista ela ganha corpo. Logo em seguida no dia 11, o diplomata Rubens Ricupero, ex-embaixador do Brasil em Washington (1991-1993) e Roma (1995); ex-ministro do Meio Ambiente e da Fazenda (1993-1994 e 1994, governo Itamar) publicara na Folha de São Paulo artigo em defesa da Frente Democrática aprofundando as suas razões nesta hora decisiva para a democracia no Brasil. Se para Haddad e o PT a democracia vale mais que seus interesses partidários Ricupero será considerado.
Segue o artigo de Ricupero.
Rubens Ricupero - Foto de Marlene Bergamo - 2017

O Dever dos Neutros
É preciso lutar por uma Frente democrática

"Entre os que destroem a lei e os que a observam não há neutralidade admissível". Rui Barbosa (1849-1923) pronunciou essas palavras em Buenos Aires (1916) no contexto da Primeira Guerra Mundial. Neutralidade, explicava, "não quer dizer impassibilidade: quer dizer imparcialidade; e não há imparcialidade entre o direito e a injustiça".
A clareza da distinção pode ajudar-nos a enfrentar o dilema eleitoral na definição do dicionário: situação embaraçosa com duas saídas difíceis ou penosas. Vejamos em concreto se há diferença entre essas saídas.
Não há lugar, creio, para imparcialidade entre quem quer retirar o Brasil do Acordo de Paris sobre clima e quem deseja honrá-lo. Tampouco sou imparcial entre quem defende a proteção dos ecossistemas tal como prescrito na lei e os que atacam suposta indústria de multas do Ibama contra desmatadores ilegais.
Os mesmos que tencionam suprimir o Ministério do Meio Ambiente e subordiná-lo ao da Agricultura em ótica meramente produtivista, sem olhar as consequências de devastação ambiental e da concentração de renda.
Entre os defensores da Constituição, da democracia liberal, da tolerância, da diversidade, da civilidade na vida política e seus detratores, escolho sem hesitar os primeiros. Coloco-me ao lado dos promotores dos direitos humanos, da prioridade de combater a desigualdade, suprimir a miséria; sou contra os críticos de tais posições.
Prefiro diplomacia que preserve o papel construtivo do Brasil como fator de moderação e equilíbrio no continente e no mundo aos que advogam atitudes que nos isolariam da maioria da humanidade.
Um exemplo é a intenção de Bolsonaro de transferir a Jerusalém nossa embaixada em Israel na ausência de acordo com todos os interessados. Isso nos relegaria a situação ridícula, abaixo do Paraguai, que teve o bom senso de recuar dessa tresloucada ideia.
Entre valores e contravalores não tenho o direito de ser neutro. Darei meu voto ao candidato que encarnar valores absolutos e inegociáveis como os mencionados acima.
Dito isso, penso que o dever dos neutros é ir além do voto e lutar por uma frente democrática que una o mais amplo espectro de opinião possível.
Concordo com os pontos levantados por Celso Rocha de Barros no artigo publicado por esta Folha na última segunda-feira dia 8. Por definição, uma aliança não deve refletir hegemonia de nenhum partido. Tem de acolher a exigência popular de combate à corrupção, ajuste fiscal, responsabilidade no uso de recursos escassos --o que falta no programa do PT, além da autocrítica.
Não se vai ganhar só com o PT e a esquerda. Reconhecer esse fato obriga a ter um programa de mínimo denominador comum que conquiste os moderados.
E, no caso de difícil vitória, dê garantia a todos de que se terá um governo não sectário, pacificador e unificador da sociedade brasileira. 
Rubens Ricupero

Pela Democracia


Sergio Augusto de Moraes
Alfredo Maciel da Silveira
Outubro - 2018
Ontem, dia 7, foi por um triz.
O povo brasileiro demonstrou que não quer outro governo do PT. Só 29% dos eleitores estão a favor de tal governo. Por outro lado, pesquisas recentes indicam que 69% dos brasileiros são a favor da democracia, que seria ameaçada por um futuro Governo de Bolsonaro. 
Para garanti-la a alternativa seria Haddad propor um “Pacto pela democracia” e um governo de “Frente democrática”, com a participação de outras forças e partidos democráticos e um programa mínimo de respeitar a Constituição de 88, garantir o prosseguimento da Lava-Jato, manter o equilíbrio fiscal, incorporar uma atitude republicana na relação com os outros poderes e incluir as principais medidas sociais e econômicas do primeiro Governo Lula.
Tal proposta, feita de maneira clara e não duvidosa, poderia atrair os votos não somente daqueles que votaram em Ciro Gomes, Alckmin ou Marina. Ela iria mais longe podendo ganhar muitos daqueles que votaram em branco ou o anularam e mesmo, no limite, tirar votos que foram dados a Bolsonaro no 1º turno por opção “anti-petista”. 
Difícil. Mas lutar por isto será a tarefa dos democratas.

Temos duas chances


Alfredo Maciel da Silveira
Sergio Augusto de Moraes
Outubro - 2018
A decisão da disputa eleitoral nos últimos dias que antecedem as eleições já aconteceu em vários países. Esta é uma das chances que nos resta.
Como? Já está claro que o candidato em melhores condições de derrotar Bolsonaro num segundo turno é Ciro Gomes. Não só pelos números de rejeição indicados pelas sucessivas pesquisas de opinião como também por suas características políticas, a começar pela composição de sua chapa, claramente de centro-esquerda.
Por este caminho temos duas chances de derrotar a direita golpista. A primeira pela via acima indicada: concentrar votos em Ciro neste primeiro turno. Se ele for para o segundo turno metade da vitória estará garantida por sua baixa rejeição contra a grande rejeição de Bolsonaro. Difícil mas não impossível.
A outra, no segundo turno, caso Ciro não consiga superar Haddad, será muito influenciada pelo primeiro turno. Isto porque, os dois candidatos que forem ao segundo turno terão que negociar com o centro e a esquerda democráticos para serem vitoriosos. E neste caso o cabedal de votos de Ciro poderá ser negociado com Haddad visando um governo de centro esquerda capaz de bloquear os desvios antidemocráticos do lulopetismo.
A hora não é de sonhar, é de pragmatismo. Para reduzir os riscos da nossa jovem democracia.