TEMPO DE TRABALHO NECESSÁRIO E TEMPO DISPONÍVEL

Graças ao desenvolvimento da técnica moderna, estão finalmente dadas – pela primeira vez-as condições para suprimir total e definitivamente o “roubo do tempo de trabalho alheio”; agora- pela primeira vez- podem ser impulsionadas tão poderosamente as forças produtivas da sociedade que, de fato, e em um futuro não muito longínquo, a medida da riqueza social não será mais o tempo de trabalho, mas sim o tempo disponível. Até o presente, todos os métodos para elevar a produtividade do trabalho humano revelaram-se ao mesmo tempo, na prática capitalista, métodos de degradar, subordinar e despersonalizar cada vez mais o trabalhador. Hoje, o desenvolvimento técnico chegou a um ponto no qual os trabalhadores poderão finalmente libertar-se da “serpente de seus tormentos”, da tortura sem fim do trabalho cansativo, monótono e fragmentado, para se converterem de meros apêndices em verdadeiros dirigentes do processo de produção. Nunca estiveram tão maduras as condições para uma transformação socialista da sociedade, nunca o socialismo foi tão imprescindível e economicamente viável.

“Gênese e estrutura de “O Capital” de Karl Marx”, de Roman Rosdolsky, Ed. Contraponto, Rio de Janeiro, RJ, 2001, pg 356.



COMENTÁRIO:



Note-se que Rosdolsky escreveu isto em 1968, comentando um texto dos “Grundisse”, de Marx. Se ele escrevesse hoje, diante do avanço espetacular das forças produtivas sociais ocorrido nestes 49 anos, ele possivelmente mudaria esse “futuro não muito longínquo”. Daqui surge a grande contradição que domina nossa época: as relações de produção sobre as quais se assenta a atual estrutura jurídica e política dos países do mundo estão atrasadas, não correspondem mais ao nível alcançado pelas ditas forças produtivas.(Sergio Augusto de Moraes)



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