Sergio Augusto de Moraes
Outubro/2017
Já que o dono da Microsoft, uma
das maiores empresas capitalistas do mundo, não é maluco, a conclusão que pode
ser tirada do que diz é que ele tem uma interpretação singular do funcionamento
do sistema.
A revista “Exame” de 13/09/2017
relata que Lawrence Summers , ex-secretário de Tesouro americano declarou que “...existem
sinais de que agora, com os avanços da robótica e da inteligência artificial, a
“destruição criativa” não seja suficiente para suprir os empregos perdidos.
”Não é uma possibilidade futura e hipotética. É algo que está se manifestando
diante de nós hoje” diz o ex-secretário.
Se a “destruição criativa’, principalmente
considerada como a substituição de empresas estabelecidas por outras
tecnologicamente mais avançadas, já foi
suficiente para suprir todos os empregos perdidos é uma questão duvidosa, já
que depende de fatores sociais, políticos, etc. Mas o que importa é que alguém
insuspeito como Summers afirma que hoje
ela não seria suficiente para suprir os empregos perdidos.
A mesma reportagem da revista
acima citada diz que, a respeito da
robótica e da inteligência artificial Bill Gates fez, em entrevista recente,
uma sugestão radical. Para o fundador da Microsoft, os robôs deveriam pagar
impostos. “Digamos que um trabalhador faça o equivalente a 50000 dólares em
trabalho numa fábrica. Esse rendimento é taxado. Se um robô fizer a mesma coisa,
você imaginaria que taxaríamos o robô num nível semelhante.”(idem,idem, , pg
80).
Ao propor a taxação dos robôs
parece que Gates não leva em conta que o robô é uma máquina, sujeito às mesmas
regras que qualquer outra máquina-ferramenta, como os tornos ou as fresas. Eles
fazem parte daquilo que Marx chama de “capital constante”, vale dizer, durante
sua vida eles são incapazes de produzir
valor acima daquele expresso em seu preço de aquisição.
No capitalismo o que é taxado é
o valor novo criado na produção graças ao trabalho (lucro, juros, etc). O que
as máquinas fazem, os robôs aqui incluidos, é transferir para a mercadoria
produzida parte de seu valor, até chegar ao seu preço como dissemos acima. Isto
se a obsolescência não jogá-la no lixo antes. Assim, taxar os robôs, capital
constante, seria um golpe avassalador contra o capitalismo. Será que é isto que
Gates quer? Duvido.
Supondo que num futuro não
muito distante todos os trabalhadores ligados às tarefas de rotina, como os das
linhas de montagem, ou mesmo aqueles ligados a outras tarefas “não criativas” ,
como caixas de banco, choferes, entregadores, etc, fossem substituídos por
robôs o capitalismo iria morrendo, reduzindo cada vez mais velozmente o ritmo da
acumulação de capital.
Claro, restaria ao capital explorar os
trabalhadores da área “criativa” e de manutenção, mas estes “não seriam suficientes para suprir
os empregos perdidos”, como diz Summers. Seria impossível para o capital manter
o nível da taxa de lucro que também iria caindo, até chegar a valores
desprezíveis.
Se antes não houvesse uma
intervenção política dos povos para estabelecer um outro modo de produção.
Se o capitalismo acabar dessa forma, que regime político o substituirá?
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ResponderExcluirRepetindo:Caro Randolpho- Sabemos hoje, pela experiência histórica, algumas das características desse regime, que , por exemplo, poderíamos chamar de Novo Socialismo. No meu artigo "A revolução russa de 1917-erros, acertos e ensinamentos", publicado neste Blog alinho, lá pelo 14º parágrafo, algumas destas características; mas tem muito mais.Veremos se juntos com você e outros amigos conseguiremos, até a data dos 100 anos da revolução de Outubro, traçar um perfil aproximado desse
ResponderExcluirregime.
Hipocrisia
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